A FÁBRICA DA CHEMINA. PATRIMÓNIO MUNICIPAL

É CHEGADA A HORA ! (?)


Quando a Chemina apareceu em 1890 era assim, como se vê na gravura, três corpos de edifício saídos da pena de José Juvêncio da Silva, o homem que não era arquitecto mas que havia surpreendido tudo e todos com o seu projecto para o novo edifício dos Paços do Concelho.
Depois foi crescendo à medida das necessidades, mais dois corpos de edifício acrescentados ao imóvel principal, uma nova estufa, um novo pavilhão ao lado do rio... por fim, já em finais do século passado, a chamada «fábrica nova», edifício onde está a SUMA, a Misericórdia com o seu «centro de dia», e onde no piso superior já funcionou um pavilhão desportivo.

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Construída já com pouco dinheiro, esta última ameaça ruína. O pavilhão desportivo que ainda prestou bons serviços, há muito que deixou de ser utilizado por motivos de segurança e a SUMA e a Misericórdia, igualmente ameaçadas na sua integridade, com ou sem venda da «fábrica velha», terão, certamente, que vir a ser reinstaladas. Reconstruir a «fábrica nova», assim o pensamos, está fora de questão porque seria construir um edifício novo, provavelmente, no sítio menos indicado, já que se pretende dar novas «vistas» ao central Parque Vaz Monteiro.


Nunca se saberá (digo eu...) verdadeiramente como nem porquê a Câmara adquiriu a Chemina. Sabemos os motivos  invocados: A fábrica estava parada e havia uma dívida enorme aos trabalhadores que, assim, com o dinheiro da aquisição iriam ser ressarcidos (foram, alguma coisa, tarde e más horas)... seria ainda edifício para aí ser instalado um estabelecimento de ensino (proposta liminarmente rejeitada por quem de direito)...
Hoje, quando se anuncia uma «hasta pública» para a venda do edifício, parece ser chegada a hora do disparate, ao qual nem os órgãos de comunicação alcançam fugir (encomendam-lhes o sermão, mas depois sai borrada)... Que a Câmara disse que aí iria instalar um Museu? Que me lembre, só um vereador da oposição, um dia, ventilou tal proposta, um Museu do Caravanismo. E para quê outro Museu quando decorre a instalação do futuro Museu Arqueológico na Casa da Torre que já acolheu e acolherá as obras adequadas para que, muito em breve, venha a ser mais uma referência museológica a nível nacional (como a Várzea já o é)? Quando está a concurso o projecto de requalificação da antiga Escola Conde Ferreira, na Judiaria, para ser musealizada? Haja tento, com o Museu João Mário e o Celeiro Real, Alenquer terá  cinco Museus!


Também é chegado o tempo, a oportunidade, para as oposições fazerem prova de vida, isto é, serem oposição, estarem contra. É um direito que lhes assiste. Ventilam, pois, que à fábrica seja dada uma utilização pública (assim o entendi). E os custos meus senhores? Com um concelho com mais dez freguesias a lembrarem (com justiça!) que também existem, estará a autarquia em condições de aí investir cinco milhões de euros? E para quê, com que finalidade? Todos sabemos que a vila anseia por um grande auditório e que bom seria tê-lo, mas quanto custaria? E tem a vila condições para sustentar uma obra dessa envergadura, (um Olga Cadaval, de Sintra)?
E quem disse que o executivo camarário não tem procurado soluções? Tem sim e persistentemente, manteve contactos, empenhou-se junto dos maiores grupos hoteleiros do país... Mas o motivo porque uma solução pública excede a capacidade financeira da autarquia, foi certamente o mesmo (aliado a outros factores), porque até há pouco, os investidores (a «solo» ou em parceria) não apareceram e levaram a Câmara a tentar resolver a Chemina com meios financeiros próprios.
Mas eis que... Entende a nossa Câmara e tornou público, que um estabelecimento hoteleiro de grande qualidade seria um factor determinante de dinamização da vila e do concelho. Entende bem, na minha modesta opinião, pelo que se houver uma só oportunidade que seja, deve aproveitá-la. As oposições não gostam? Dava-lhes mais jeito manter o «elefante branco» para malhar nele? Ora, ora, bom mesmo... é haver coisas para discutir em Alenquer.



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PUBLICADO NO JORNAL "NOVA VERDADE" DE 1 DE SETEMBRO DE 2017

STUART CARVALHAIS (1887-1961)