Mensagens

A mostrar mensagens de 2017

PUBLICADO NO JORNAL "NOVA VERDADE" DE 1 DE NOVEMBRO DE 2017

Imagem
ALENQUER DEPOIS DA RETIRADA DE MASSENA Com os seus três Corpos de Exército posicionados frente às Linhas de Torres, Massena desesperou pelos reforços pedidos. Ainda experimentou algumas escaramuças e mudanças de posições, que apenas o levaram a concluir que essas formidáveis fortificações ligando Alhandra ao Atlântico eram inexpugnáveis, ou, pelo menos, inultrapassáveis para as forças sob o seu comando, chamadas Armée du Portugal , de que faziam parte o II Corpo de Exército do Gen. Reynier, o VI do comando do Marechal Ney e o VIII de Junot, mais uma reserva de cavalaria sob o comando do Gen. Montbrun, assim como as habituais tropas auxiliares O seu Chefe de Estado-Maior, o Gen. Fririon, tê-lo-á convencido de que os terrenos acidentados por eles ocupados não garantiam um posicionamento seguro, caso «o agressor [eles] se tornasse agredido», o que poderia vir a acontecer. Nesta situação expectante em que por um mês estacionaram, face-a-face, atacantes e defensores, desde a che

PUBLICADO NO JORNAL "NOVA VERDADE" DE 1 DE OUTUBRO DE 2017

Imagem
A VILA DE ALENQUER E AS INVASÕES FRANCESAS – BREVE APONTAMENTO Num livro intitulado “O Estado de Portugal en el año de 1800”, editado em Madrid, escreveu o seu autor José Cornide, citando um tal M. du Mourier, que «(…) o planalto de Santarém e as alturas de Alenquer cobrem Lisboa e nelas se pode fazer uma guerra de postos muito sangrenta». Seria Mourier um espião ao serviço dos franceses? Napoleão saíra vitorioso do golpe do “18 do Brumário”, com o apoio dos girondinos (alta burguesia), e a França vivia a fase do “Consulado” com os olhos postos nos países vizinhos. Nesses tempos a informação não se adquiria ou circulava rápida como hoje, pelo que havia que jogar por antecipação enviando espiões a bater o terreno disfarçados de viajantes, antes de se lançar os exércitos para além das fronteiras. Seja como for, Cornide, ilustre académico galego, morreu em 1803 e já não assistiu às invasões, Mourier não deixou rasto na história que pudéssemos seguir e Alenquer não teve a tal «

PUBLICADO NO JORNAL "NOVA VERDADE" DE 1 DE SETEMBRO DE 2017

Imagem
OS INGLESES DA CARNOTA (I) «Uma das mais lindas propriedades do concelho e das mais antigas (…) é a Quinta da Carnota, à beira da estrada dos Cadafais a Santana da Carnota, um pouco adiante do lugar dos Refugidos», assim situa Guilherme Henriques a quinta onde seu “padrinho” John Smith Athelstane, mais tarde Conde da Carnota, veio a estabelecer-se em 1852, data em que a adquiriu a Carlos Adolfo de Kantzow, Barão de S. Jorge de Kantzow, como ele um diplomata servindo o seu país em Lisboa. Linda e valiosa pelo seu património já ela o foi. Hoje não garantimos que ainda o seja, mas não é por esse caminho que queremos (e podemos) ir, mas sim pelo das suas origens que remontam ao séc. XV, com o estabelecimento no local de uns piedosos frades que aí edificaram um convento que foi integrado na nova Província de Santo António dos Capuchos, constituída por religiosos franciscanos da "mais estreita observância", conhecidos como “recoletos”, formada em obediência à bula &quo

PUBLICADO NO JORNAL "NOVA VERDADE" DE 1 DE AGOSTO DE 2017

Imagem
E A SERRA DE MONTEJUNTO AQUI TÃO PERTO… Quando o calor aperta os olhos dos alenquerenses resvalam para a sua “Serra da Neve”, enquanto a imaginação os leva a essas alturas onde as massas de ar marítimo e húmido se cruzam com o ar fresco dos seus 666 metros de altura, criando um microclima de eleição. Mas, melhor do que imaginar é mesmo ir, por Abrigada ou por Vila Verde dos Francos, e também por Pragança (para quem vem do lado de lá, do Cadaval), ignorando sempre o GPS que tem por hábito mandar os visitantes para os estradões de terra batida que sulcam as encostas da Serra, difíceis, mesmo para os “quatro rodas”. Quem se atreve a subir às alturas de certeza que não se arrepende. Seguramente não encontrará por lá a «passarola» do Padre Bartolomeu que em voo mágico levou à nossa serra Blimunda e Baltazar, personagens imortalizados por Saramago no seu “Memorial do Convento”, nem tão pouco as éguas ágeis e resistentes que, segundo o romano Varrão, eram fecundadas pelo vento, p

PUBLICADO NO JORNAL "NOVA VERDADE" DE 1 DE JULHO DE 2017

Imagem
A IGREJA E CONVENTO DE SANTA CATARINA DE ALENQUER É longa, de séculos, a história deste conjunto arquitectónico que aguarda o visitante a uma das entradas da vila e que por ele passa sem se aperceber lá muito bem do que se trata. Outros, mais ligados à terra, certamente já ouviram dizer que ali, naquele amontoado de casas velhas, está enterrado um rei de uma terra estranha. Mas serão muito poucos aqueles que já alguma vez ultrapassaram o modesto e quase despercebido portão que dá acesso aos claustros daí acedendo à “casa do capítulo”, última morada de um aventureiro feito soberano. Igreja e convento têm uma história não só longa como acidentada, uma história que o leitor curioso pelas coisas do passado poderá encontrar, em fragmentos, na “História Seráfica” de Frei Fernando da Soledade, nas “Respostas” de alguns párocos ao inquérito pombalino de 1758, nas habituais coreografias do séc. XVIII, nos escritos de Guilherme Henriques e, muito bem contada, no “O Concelho de Alenqu

PUBLICADO NO JORNAL "NOVA VERDADE" DE 1 DE JUNHO DE 2017

Imagem
D. TOMÁS DE NORONHA, O MARCIAL DE ALENQUER Pesquisando os naturais de Alenquer, entre eles encontramos muitos e valentes homens de armas, navegadores, homens de ciência, outros de leis, piedosos e cultos eclesiásticos, mas também, embora em menor número, ilustres homens de letras como Damião de Góis, o cronista mor do reino, e Luís de Camões (não desistimos dele), o vate lusitano. Procurando melhor, também um existe que nesta vila de Alenquer nasceu, que foi considerado por Jacinto Cordeiro, na sua obra Elogio dos Poetas Lusitanos, publicada em 1631, «um dos mais célebres poetas de seu tempo», logo suscitando curiosidade pela sua obra que, como se verá, não desilude, antes pelo contrário. Efectivamente D. Tomás de Noronha nasceu em Alenquer em data incerta e por cá se demorou ao longo da vida, já que em verso são muitas as alusões a figuras e lugares da terra. Como o seu próprio apelido indica, «era da família nobilíssima dos Noronhas, senhores donatários de Vila Verd