A MINHA NOVA AMIGUINHA DO JARDIM DAS ÁGUAS, UMA "GINKGO BILOBA"

Já tinha passado por ela algumas vezes, mas só agora me chamou a atenção, talvez porque ninguém fica indiferente perante o magnifico amarelo dourado que as suas folhas exibem antes de caírem.
As suas folhas, como as da avenca, mas muito maiores, também me fizeram lembrar as da Biloba (bi lobadas), mas desconfiado perante tanto bom gosto em trazerem para um jardim de Alenquer uma árvore destas, logo tive que confirmar. Para isso contactei o meu amigo Luís Venâncio que mantem em dia a difícil contabilidade das árvores alenquerenses, para ouvir esta resposta: «Sim, é uma ginkgo biloba. Plantaram duas, mas uma morreu». E foi a primeira confirmação.
Depois entendi estabelecer um termo de comparação das suas folhas com outras duas que repousam num álbum de viagens, trazidas de Frankfurt, Alemanha... Uma história engraçada, e que se conta rápido: Nessa cidade, tivémos um guia turístico (o melhor que já alguma vez conheci) um homem já entrado na idade, muito culto e entendido em simbologia, que nos desvendou parte dos sinais ocultos que a cidade guarda. No final, quando regressávamos ao hotel, mandou para o autocarro num jardim e foi a correr colher numa enorme biloba, excursionista, dizendo que elas representavam a longevidade, a esperança, a perseverança e a paz. A comparação foi elucidativa, segunda confirmação.
Por último recorri à minha Bíblia das Árvores, a excelente obra de António Bagão Félix com ilustrações de João Leal Pereira, intitulada "Trinta Árvores em Discurso Directo (Porto Editora, 2013). A proposito aproveito para deixar aqui uma referência da página "A Casa na Árvore", de Susana Neves, no excelente jornal do INATEL, "Tempos Livres". A comparação com as ilustrações foi conclusiva, terceira confirmação.


São vários os nomes comuns porque é conhecida: "arvore da China", "nogueira do Japão", "árvore avenca", e é originária do sudeste da China, país onde é considerada um símbolo nacional e onde até, no passado, as suas folhas foram utilizadas como moeda de troca.
Mas o que é que a torna verdadeiramente tão importante? Sem dúvida o ser considerada um fóssil vivo (nas palavras de Charles Darwin), pois as suas antepassadas apareceram neste planeta há 270 milhões de anos trás e conviveram de perto com os dinossauros.
É uma árvore muito bela e, quando adulta, facilmente atinge os 30 metros de altura, ou mesmo os 40 e 50, sendo que o diâmetro dos exemplares milenares encontrados no Japão e na China, chega a medir 20 metros. Para além disso, são dignos de registo a sua longevidade, pois pode viver 3.000 anos e a sua resiliência e perseverança, que o mundo ficou a conhecer quando após o bombardeamento atómico de Hiroshima, seis exemplares sobreviveram renascendo sem deformações, em poucas semanas. Uma, perto de um templo e a um quilómetro do centro da explosão, ainda lá se encontra saudável nessa cidade japonesa.



O bonito Jardim das Águas, que promete muito vir a dar que falar como peça preciosa de um bairro em renovação, tem, pois, mais um motivo de interesse, esta Ginkgo Biloba que vos apresento para que, ano a ano, possais usufruir da sua beleza. Por mim, prometo cá voltar, daqui a mil anos, para ver se ela já atingiu os 40 metros de altura...

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PUBLICADO NO JORNAL "NOVA VERDADE" DE 1 DE SETEMBRO DE 2017

STUART CARVALHAIS (1887-1961)