AREAL, MEU BAIRRO...
"TANTA PARRA PARA TÃO POUCA UVA"
Demoliu-se a antiga Fábrica de Papel e Cartão da Ota, Ld.ª, com tanta coisa interessante que lá havia dentro, para deixar ficar a pequena ruína que se vê na figura, pensando eu, que nada percebo de Arqueologia Industrial que se trata de um resto da estrutura ligada à caldeira da defunta fábrica.
É um facto, quem sou eu para dizer que aqueles calhaus dsinteressantes do séc. XIX não mereciam sobreviver? Mas é minha convicção que não, que foi uma pena não ter resvalado o pé ao motorista da máquina demolidora e assim ter levado no balde da mesma para uma montureira, aquela estrutura arruinada que nada diz sobre a rica e centenária história da indústria do papel em Alenquer.
De quem foi a ideia da salvaguarda deste monumento? Da Direccção Geral do Património (não me admiraria...)? Uma mente local que vê o que os outros não conseguem ver? Neste caso fico à espera da justificação par dar a mão à palmatória. Mas adiante, porque o cerne da questão passa por aí, mas não está aí.
Decidiu alguém que o "monumento" ficaria bem protegido colocando uma espécie de baia em vidro grosso, tipo as que se usam nas escadas dos hipermercado. E aí vai. Que acham? Para mim totalmente desadequado para o exterior e para o antigo. Depois (já dei umas quantas voltas ao "monumento") por onde se entra para limpar as ervas e o lixo? Esta semana andavam por ali três catraios já crescidotes, aos chutos a uma bola, e, de vez em quando, ela ia lá dentro. Então um subia por uns blocos de cimento, alçava a perna e saltava. Fiquei a pensar. será desta que o "aquário" se vai? Não foi.
Lembro-me de ver, na outra margem do rio, obra inacabada, onde hoje se estaciona, também terrenos que foram da Fàbrica de Papel, arrumadas junto ao muro as antigas caladras de pedra que moíam e faziam a pasta que daria o papel, algo como o que acima se publica.
Na altura sugeri que se fizesse um singelo monumento evocativo das fábricas de papel que por cá houve, cuja data e nome seriam gravados num pilar de pedra com outras tantas faces a implantar no centro das calandras.
Pois bem, se alguém ainda souber onde elas moram, levem-nas para dentro do "aquáro" e assim, muito a propósito, enriqueçam o pobre conteúdo.