Mensagens

PUBLICADO NO JORNAL "NOVA VERDADE" DE 1 DE FEVEREIRO DE 2017

Imagem
DUAS IRMÃS, DUAS ACTRIZES ALENQUERENSES         Em conversa recente com um amigo entusiasta da História Local dizia eu que, em Alenquer, o Teatro tem fortes tradições e uma história que merecia ser contada. Bento Pereira do Carmo, nos seus Escritos , refere que em 1842 se representava no antigo Celeiro das Jugadas, demolido para a construção dos Paços do Concelho, acrescentando Guilherme Henriques que em 1863 aí «se construiu um teatrinho(…)». Já na segunda metade desse século representava-se na “Arcada” do Espírito Santo, sede da banda “Operária Alenquerense”; na antiga ermida de S. Sebastião, na Calçadinha , sede de uma outra banda, a “Cultura e Recreio”, e também no simpático “Ana Pereira” construído sob desenho de José Juvêncio da Silva, o “arquitecto” dos Paços do Concelho, anexo ao Clube Alenquerense, hoje Liga dos Amigos de Alenquer. Mas, para além do teatro amador que se fazia para animar as tardes e as noites dos alenquerenses, também por cá pas...

PUBLICADO NO JORNAL "NOVA VERDADE" DE 1 DE JANEIRO DE 2017

Imagem
O REAL CELLEIRO DE ALENQUER Na vila de Alenquer, no bairro do Areal, situa-se o edifício do Real Celleiro , hoje ao serviço de funções bem distintas daquelas que presidiram à sua fundação, no início do séc. XIX, logo após as invasões francesas. Procurando as origens destas instituições, consultámos o estudo de Laura Archer intitulado "Propriedade e Agricultura: Evolução do modelo dominante de sindicalismo agrário em Portugal", e aí, nesse interessante trabalho, colhemos a informação de que «no ano de 1576 foi criado em Évora o primeiro Celeiro Comum , a mais antiga associação de crédito agrícola em Portugal». Estas instituições teriam vindo reforçar o auxílio pelo crédito que já se praticava em Portugal desde o fim do século XV, por intermédio das Confrarias e das Misericórdias. Segundo a autora citada, o Celeiro de Évora inicialmente chamou-se Monte da Piedade - o Monte era o fundo de cereal recolhido e a Piedade referia-se à generosidade das doações ...

PUBLICADO NO JORNAL "NOVA VERDADE" DE 1 DE DEZEMBRO DE 2016

Imagem
ECOS DA “MARIA DA FONTE” EM ALENQUER Antes de mais, umas breves palavras sobre o que foi a revolução da “Maria da Fonte” que eclodiu no Minho, na Primavera de 1846, tendo como alvo o governo de Costa Cabral. A contestação focou-se inicialmente nas “Leis da Saúde”, em particular a proibição dos enterramentos nas igrejas. Mas essa proibição terá sido, tão só, a centelha incendiária, pois as tensões políticas acumuladas desde a revolução de 1820 eram muitas e trouxeram ao de cimo o protesto contra outras medidas administrativas como o agravamento fiscal ou uma nova lei de recrutamento militar. Por outro lado, a declarada intenção governamental de construir um Estado moderno, promovendo reformas e obras de vulto, buliu com muitos interesses instalados que o despotismo característico do cabralismo atacou frontalmente. Os enterramentos obrigatoriamente feitos fora do telhado protector das igrejas e o ódio às billhetas da contribuição predial estiveram presentes nos primeiros ...

PUBLICADO NO JORNAL "NOVA VERDADE" DE 1 DE NOVEMBRO DE 2016

Imagem
A ESCOLA CONDE DE FERREIRA - Escola-tipo No dia 20 de Novembro de 1872, com júbilo e muita solenidade, foi inaugurada a “Aula Conde de Ferreira”, onde, durante um século, aprenderam as primeiras letras os rapazes da vila de Alenquer. Relata Guilherme J. Carlos Henriques que «entre os oradores [nesse acto inaugural] devem ser conservados em memória o então estudioso mancebo, Luís de Sousa Nápoles, representante de uma família nobre e antiga deste concelho, que habitava a quinta das Varandas, o digno juiz de direito, o presidente da câmara, o doutor José Manuel da Silva Pimentel, distinto advogado nesta terra [passados 10 anos seria ele o Presidente da Câmara], o professor José Pereira de Moura [o primeiro a leccionar nesta escola] e outros». Anoitecendo, os festejos continuaram com iluminações e festa rija, tendo a filarmónica da vila, chamada “Música Velha”, tocado no recinto da nova escola. À altura era presidente da edilidade Venâncio José de Oliveira e Carmo, proprietário ...

PUBLICADO NO JORNAL "NOVA VERDADE DE 1 DE OUTUBRO DE 2016

Imagem
OS HOMENS DA CARBONÁRIA Assim, no plural, para que não se confunda com o título do excelente livro de Carlos Ademar, O Homem da Carbonária , historiador e escritor que escolheu o concelho de Alenquer para residir. E, na realidade, também porque serão dois os homens que aqui evocaremos, o alenquerense Luz de Almeida que organizou a Carbonária portuguesa porque «não bastava criar revolucionários, era preciso fazer atiradores», e um outro, Roque de Miranda, que o acaso do momento trouxe a Alenquer, nas vésperas do 5 de Outubro , para ministrar aos republicanos locais mais disponíveis para o assalto ao poder monárquico um curso acelerado de “Como fazer uma Revolução”. O ALENQUERENSE DE QUEM NÃO SE FALA Há nomes que escaldam, assim parece ser o de Luz de Almeida. Não se nomeia o nome ao santo não vá ele aí aparecer armado até aos dentes, exibindo o seu “sorriso acariciador”, expressão retirada de um panfleto de 1927 que anunciava uma homenagem nacional ao «homem que pelo...

PUBLICADO NO JORNAL "NOVA VERDADE" DE 1 DE SETEMBRO DE 2016

Imagem
ALENQUER TERRA DE VINHEDOS Nos celebrados escritos de Bento Pereira do Carmo, ou, pelo menos, naqueles que o jornal O Alemquerense publicou em 1889 como sendo dele, O Vinho dá corpo ao mais desenvolvido dos capítulos. E não é por acaso, pois o distinto alenquerense para além de homem de leis, parlamentar brilhante e revolucionário liberal que chegou a sentar-se na cadeira de Primeiro-Ministro, foi também um grande vinhateiro, como produtor e estudioso da matéria. Ditaram as circunstâncias da sua vida que, tendo enviuvado cedo, viesse a contrair um segundo casamento em 1820 com D. Claudina Maria Martins, proprietária de vastas terras a sul de Alenquer. Aí estabeleceu-se numa das quintas que baptizou de Sans Souci (Sem Cuidado) que haveria de transmitir a sua filha Maria Leonide Pereira do Carmo Chaves, que, com seu marido Davide Gonçalves Chaves, foi igualmente proprietária da quinta do Cobanco. Outras propriedades, cujos nomes os alenquerenses de hoje bem conhecem, surgem mais...