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PUBLICADO NO JORNAL "NOVA VERDADE" DE 1 DE SETEMBRO DE 2017

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OS INGLESES DA CARNOTA (I) «Uma das mais lindas propriedades do concelho e das mais antigas (…) é a Quinta da Carnota, à beira da estrada dos Cadafais a Santana da Carnota, um pouco adiante do lugar dos Refugidos», assim situa Guilherme Henriques a quinta onde seu “padrinho” John Smith Athelstane, mais tarde Conde da Carnota, veio a estabelecer-se em 1852, data em que a adquiriu a Carlos Adolfo de Kantzow, Barão de S. Jorge de Kantzow, como ele um diplomata servindo o seu país em Lisboa. Linda e valiosa pelo seu património já ela o foi. Hoje não garantimos que ainda o seja, mas não é por esse caminho que queremos (e podemos) ir, mas sim pelo das suas origens que remontam ao séc. XV, com o estabelecimento no local de uns piedosos frades que aí edificaram um convento que foi integrado na nova Província de Santo António dos Capuchos, constituída por religiosos franciscanos da "mais estreita observância", conhecidos como “recoletos”, formada em obediência à bula ...

PUBLICADO NO JORNAL "NOVA VERDADE" DE 1 DE AGOSTO DE 2017

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E A SERRA DE MONTEJUNTO AQUI TÃO PERTO… Quando o calor aperta os olhos dos alenquerenses resvalam para a sua “Serra da Neve”, enquanto a imaginação os leva a essas alturas onde as massas de ar marítimo e húmido se cruzam com o ar fresco dos seus 666 metros de altura, criando um microclima de eleição. Mas, melhor do que imaginar é mesmo ir, por Abrigada ou por Vila Verde dos Francos, e também por Pragança (para quem vem do lado de lá, do Cadaval), ignorando sempre o GPS que tem por hábito mandar os visitantes para os estradões de terra batida que sulcam as encostas da Serra, difíceis, mesmo para os “quatro rodas”. Quem se atreve a subir às alturas de certeza que não se arrepende. Seguramente não encontrará por lá a «passarola» do Padre Bartolomeu que em voo mágico levou à nossa serra Blimunda e Baltazar, personagens imortalizados por Saramago no seu “Memorial do Convento”, nem tão pouco as éguas ágeis e resistentes que, segundo o romano Varrão, eram fecundadas pelo vento, p...

PUBLICADO NO JORNAL "NOVA VERDADE" DE 1 DE JULHO DE 2017

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A IGREJA E CONVENTO DE SANTA CATARINA DE ALENQUER É longa, de séculos, a história deste conjunto arquitectónico que aguarda o visitante a uma das entradas da vila e que por ele passa sem se aperceber lá muito bem do que se trata. Outros, mais ligados à terra, certamente já ouviram dizer que ali, naquele amontoado de casas velhas, está enterrado um rei de uma terra estranha. Mas serão muito poucos aqueles que já alguma vez ultrapassaram o modesto e quase despercebido portão que dá acesso aos claustros daí acedendo à “casa do capítulo”, última morada de um aventureiro feito soberano. Igreja e convento têm uma história não só longa como acidentada, uma história que o leitor curioso pelas coisas do passado poderá encontrar, em fragmentos, na “História Seráfica” de Frei Fernando da Soledade, nas “Respostas” de alguns párocos ao inquérito pombalino de 1758, nas habituais coreografias do séc. XVIII, nos escritos de Guilherme Henriques e, muito bem contada, no “O Concelho de Alenqu...

PUBLICADO NO JORNAL "NOVA VERDADE" DE 1 DE JUNHO DE 2017

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D. TOMÁS DE NORONHA, O MARCIAL DE ALENQUER Pesquisando os naturais de Alenquer, entre eles encontramos muitos e valentes homens de armas, navegadores, homens de ciência, outros de leis, piedosos e cultos eclesiásticos, mas também, embora em menor número, ilustres homens de letras como Damião de Góis, o cronista mor do reino, e Luís de Camões (não desistimos dele), o vate lusitano. Procurando melhor, também um existe que nesta vila de Alenquer nasceu, que foi considerado por Jacinto Cordeiro, na sua obra Elogio dos Poetas Lusitanos, publicada em 1631, «um dos mais célebres poetas de seu tempo», logo suscitando curiosidade pela sua obra que, como se verá, não desilude, antes pelo contrário. Efectivamente D. Tomás de Noronha nasceu em Alenquer em data incerta e por cá se demorou ao longo da vida, já que em verso são muitas as alusões a figuras e lugares da terra. Como o seu próprio apelido indica, «era da família nobilíssima dos Noronhas, senhores donatários de Vila Verd...

PUBLICADO NO JORNAL "NOVA VERDADE" DE 1 DE MAIO DE 2017

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MAIO MÊS DAS CEREJAS E DA FESTA DE MECA Uma quadra popular muito antiga lembra precisamente isso quando diz: « Ó minha Santa Quitéria // lá da terra da cereja // Como estás encarnadinha // lá dentro da tua igreja» . De facto, em finais de Maio, quando as vinhas já resplandecem de verde e a cereja já pinta nos vales circundantes, a aldeia de Meca veste as suas melhores roupagens para honrar a sua Santa Quitéria mártir, defensora de pessoas e animais contra o terrível mal da raiva. A romaria, uma das mais antigas do concelho e do país, acontece anualmente no fim-de-semana que se segue ao dia 22 de Maio que no calendário religioso é dedicado àquela santa, uma mártir dos primeiros tempos do cristianismo, nascida no norte da Lusitânia quando os romanos ainda habitavam a sua Braccara Augusta . Rezam as loas de um antigo círio, e a sua hagiografia não o desmente, que Quitéria teve oito irmãs gémeas a quem foram dados os nomes de Eufémia (ou Eugénia?), Marciana, Marinha, Vitória, ...

PUBLICADO NO JORNAL "NOVA VERDADE" DE 1 DE ABRIL DE 2017

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DANTAS PEREIRA, O ALMIRANTE ERUDITO Por ocasião do Congresso do Espírito Santo e em conversa com um conhecido professor da Universidade do Minho, disse-me ele: Alenquer é a terra natal de gente muito ilustre, como o almirante Dantas Pereira que, assim o penso, na sua Alenquer é uma figura desconhecida. Por acaso conhece-o? Respondi afirmativamente e acrescentei que não só o conhecia, como ainda há pouco tempo havia adquirido, num leilão de papéis antigos, um documento autógrafo de outro ilustre homem do mar, o capitão-de-mar-e-guerra António Marques Esparteiro, com apontamentos sobre a vida militar de Dantas Pereira. Isto pareceu surpreender o distinto professor, mas, convenhamos, para os que gostam de história local, o almirante alenquerense não é um desconhecido, bem pelo contrário, embora por vezes no que respeita a alenquerenses ilustres, tudo pareça esgotar-se em Pero de Alenquer e Damião de Góis… E, já que falámos em Pero de Alenquer, o piloto do Gama sobre o qual s...